segunda-feira, setembro 12, 2005

Dawson's Creek - A análise

Prefácio por Adriana Oliveira
Diana Magalhães faz uma análise sobre as verdadeiras razões q levaram à escolha da banda sonora desta série, debruçando-se sobre como duas coisas podem causar sentimentos tão antagónicos. Aprofunda ainda a necessidade inexplicável de analisar o mais ínfimo dos pormenores, c/o sendo "porque é que para andar para a frente preciso de mexer as pernas?" Mais importante: o creek é só do Dawson? Perturbante...


Provavelmente a série mais perversa da televisão portuguesa. O domínio dessa perversão sobre mim, ultrapassa o canal que a transmite e o facto de ser dobrada. Até aí o sapo engolia-se bem (obrigada, Adriana, pelo cariz sexual que agora carrego mentalmente, sempre que penso em sapos...).
A verdade é que sou perturbada por esta série com uma intensidade agoniante. Tudo começa no genérico. Uma música nitidamente geradora de ansiedade. Claramente um aviso, um sinal para o que vem a seguir. Atentemos:

"So open up your morning light
And say a little prayer for right
You know that if we are to stay alive
Then see the peace in every eye"

As palavras sublinhadas ganham todo um novo sentido, quando a protagonista começa a falar.

"He showed up all wet on the rainy front step
Wearing shrapnel in his skin
And the war he saw lives inside him still
It's so hard to be gentle and warm
The years pass by and now he has granddaughters
(...)
And I don't want to do what his father
And his father, and his father did"

Claramente estamos a falar do Dawson aqui. Dá-me arrepios pensar no Dawson de cabelinho "à foda-se" molhado. E eu também não gostaria de fazer o que o pai dele fez. O pai e a mãe.

Depois o tormento apenas se torna mais explícito. A começar pelos nomes irritantes das (dos?) personagens... Dawson, Pacey, Jen e Joey...
Incomoda-me particularmente a frequência com que afirmam, ao longo dos episódios, que têm 17 anos. Convenhamos, o Dawson podia ser meu tio-avô...
Guardo particular rancor da Joey, a personagem mais perfeita de sempre. É daquelas personagens que me fazem lembrar determinados blogs. Ela sabe tudo, resolve tudo, sabe o que é melhor para ela e para o mundo. Ela é inteligente, jovem (esta ainda engana quanto aos 17 anos, a meu ver) e bela, boa aluna e toda a gente gosta dela. Pena que só faça merda. E fale com a boca torta.
Na minha opinião, ela é que devia dar o título à série: "Joey's boredom". Mal se dá pelo Dawson, aquele cabelo confunde-se a maior parte das vezes com o cenário. E ele não fala, geme.
Depois, sou levada a pensar sobre os efeitos de personagens perfeitas, de 17 anos e corpos de 30, que sabem tudo. É daquelas merdas que irei usar como exemplo com os filhos da Patrícia, da Xinesa e da Adriana. Vou comprar os DVDs e depois mostrar-lhes e dizer:
-"'Tão a ver, 'tão a ver? Há gente para tudo nesta vida..."

Eu via esta série. Contorcia-me sempre que a Joey falava, mas via. Por isso é que eu acho que as férias não fazem bem a ninguém.


E eu nem acredito que chamei as personagens pelos nomes. Diana, elas não existem.