Carta de suicídio
Não há nada que eu vos quisesse ter dito, apenas tinha de ir embora, por escrito. Onde tudo sempre soou melhor.
Não quero ter mais nada a ver com a Vida.
Serviu-me de pouco... chegou-me sempre pouco d'Ela, aqui.
Isto foi sempre tudo tão confuso para mim... nunca consegui viver como achei que os outros viviam... Eu só quis ser parecida com alguma coisa, para não ser uma grande surpresa.
Nunca quis ser estranha, nem diferente e acho até que enganei a maioria das pessoas. Nunca quis ser dramática, nem ciumenta, nem insegura, nem pessimista.Tentei não depender de nenhuma pessoa e, quando naturalmente não reparei que fracassava, aprendi a chamar esses ninguéns de amigos. Nunca quis estar fora de casa, nunca quis sentir saudades de ninguém, tentei sempre fugir aos sentimentos. Depois, quis sair de casa, precisei que alguém me fizesse falta e puxei pelos risos e pelas lágrimas. Nos extremos, soube sempre igual.
Alcancei, sob vários aplausos, as etapas-padrão do sistema. Nunca deixei de sentir que ainda estava tudo por fazer.
Quis ter a casa, com a cerca branca e o jardim. Quis que alguém me escolhesse e dizer sim até ao fim. Quis não precisar de ninguém, mostrei tantas vezes que não precisava e senti-me tão mal assim, só por isso.
Fui-me despedindo, devagarinho, de todas as grandes pessoas, tentando esgotar qualquer encanto que pudessem ver em mim. Construí, primeiro sozinha, e depois contigo, todas as memórias e sonhos, para soprar, em seguida, o nosso indestrutível castelo de cartas.
Evitei todas as luas de cabeça erguida, mas sem orgulho nenhum, sem quaisquer argumentos.
Foi no anestésico sistema, que me consegui esquecer completamente. Foi lá que mais dias passaram, e menos tempo senti perder. E foi lá que fiquei mais perto desta carta.
No fim de todas as noites sóbrias, depois de todas as conversas, soube sempre que não tinha razão nenhuma para me lamentar. Só o nada disto - o isto que não existe - fazer todo o sentido para mim.
Qualquer palavra soa melhor agora, daqui, por detrás da cerca branca.
Não quero ter mais nada a ver com a Vida.
Serviu-me de pouco... chegou-me sempre pouco d'Ela, aqui.
Isto foi sempre tudo tão confuso para mim... nunca consegui viver como achei que os outros viviam... Eu só quis ser parecida com alguma coisa, para não ser uma grande surpresa.
Nunca quis ser estranha, nem diferente e acho até que enganei a maioria das pessoas. Nunca quis ser dramática, nem ciumenta, nem insegura, nem pessimista.Tentei não depender de nenhuma pessoa e, quando naturalmente não reparei que fracassava, aprendi a chamar esses ninguéns de amigos. Nunca quis estar fora de casa, nunca quis sentir saudades de ninguém, tentei sempre fugir aos sentimentos. Depois, quis sair de casa, precisei que alguém me fizesse falta e puxei pelos risos e pelas lágrimas. Nos extremos, soube sempre igual.
Alcancei, sob vários aplausos, as etapas-padrão do sistema. Nunca deixei de sentir que ainda estava tudo por fazer.
Quis ter a casa, com a cerca branca e o jardim. Quis que alguém me escolhesse e dizer sim até ao fim. Quis não precisar de ninguém, mostrei tantas vezes que não precisava e senti-me tão mal assim, só por isso.
Fui-me despedindo, devagarinho, de todas as grandes pessoas, tentando esgotar qualquer encanto que pudessem ver em mim. Construí, primeiro sozinha, e depois contigo, todas as memórias e sonhos, para soprar, em seguida, o nosso indestrutível castelo de cartas.
Evitei todas as luas de cabeça erguida, mas sem orgulho nenhum, sem quaisquer argumentos.
Foi no anestésico sistema, que me consegui esquecer completamente. Foi lá que mais dias passaram, e menos tempo senti perder. E foi lá que fiquei mais perto desta carta.
No fim de todas as noites sóbrias, depois de todas as conversas, soube sempre que não tinha razão nenhuma para me lamentar. Só o nada disto - o isto que não existe - fazer todo o sentido para mim.
Qualquer palavra soa melhor agora, daqui, por detrás da cerca branca.
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