Além da papaia
Não tenho dúvidas de que se Freud fosse vivo, vinha viver para Portugal.
Sónia Morais Santos (2005)
Tamanha deverá ser a ignorância geral, que dizemos simplesmente o que à partida poderá fazer os outros pensar. Nem que seja qualquer coisa. Como se fosse melhor dizer uma barbaridade qualquer do que estar calado. Sendo um bom desporto, a vida é mais do que mandar papaias para o ar.
Está na altura de falar além da papaia.
Porque é que Freud haveria de vir viver para Portugal, em detrimento de todos os outros países do mundo? Porque nós somos nós? Porque nos achamos de tal forma complexados, reprimidos, fracassados, que nenhuma outra nação poderia ser melhor objecto de estudo para Sigmund Freud? Que mania pequenina que nós temos. Acho que o nosso maior fracasso é ninguém dar importância ao qualquer-coisa-aborrecida que nós fazemos por ser. Ninguém quer saber, aceitemos isso. Freud certamente tinha ambições maiores. E isso, para mim, é bom. Porque é que haveremos de querer as atenções viradas para nós? Talvez devessemos baixar a bolinha, mas pelo silêncio. Considero que essa talvez seja a nossa maior vantagem competitiva. Nunca ninguém espera nada de nós e sempre fomos longe. Silenciemo-nos, vá.
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