sábado, fevereiro 25, 2006

Coisas que eu queria que fossem coincidências

No outro dia, uma colega de trabalho falava sobre a sua história de amor...

Ela estava sentada na areia. Abraçada aos joelhos, sentiu um indicador intermitente tocar-lhe na perna:
- Olha, a maré está a subir... é melhor chegares a tua toalha para cima!
Mais do que o conselho, ficou o sorriso branco e enorme, daqueles que enchem uma cara.
Lembra-se de ter corrido a contar às amigas o quanto aquele rapaz tinha mexido com ela, de querer voltar a vê-lo o mais depressa possível e de ir perdendo a esperança, à medida que o Verão ia passando.
Num fim de tarde de praia, daqueles em que parece que o Sol quer decidir quanto tempo vai durar o dia, ela nem queria acreditar. Enquanto passeava à beira-mar, lá estava o mesmo sorriso. Ele tentou falar com ela, ela quis falar com ele. E eles deixaram acontecer.
O romance de Verão foi interrompido pela ausência. Sem sorrisos, sem toques intermitentes na perna, sem presente para recordar e/ ou viver. Cinco anos mais tarde, ainda com cheiro a mar, passaram um pelo outro na mesma rua. Continuaram a andar, confusos. Pararam e voltaram para trás, ao encontro um do outro. E deixaram acontecer para o sempre em que acreditam.

Lembro-me de ouvir a história e de alguém me chamar a atenção para a minha expressão facial. Na minha reparável expressão, eu temia os meus irreparáveis pensamentos, envergonhava-me deles. Lembro-me de pensar que estava a pensar que a minha vida era realmente deprimente e que a luta entre os meus ideais intocáveis e a minha atitude completamente anti-romântica me frustram quase a 100%. No meio de toda a minha vontade de mudar, não encontro a motivação para o fazer. É como se este ainda não fosse o mundo em que eu quero viver. Viver nada, viver alguma coisa. Eu não quero nada com este mundo. Ele não me serve, magoa-me. Talvez ande só a criar calo (salvo seja), tentando encaixar-me.

Se os amores de Verão ficam enterrados na areia, estou cá eu para dizer que o meu não ficou.
Eu posso dizer que vivi uma grande história de amor.
' Guess we'll always be eternal in our death..

1 comments:

Blogger Tiago said...

É isto e as mulheres virgens no casamento. Meu Deus...Boring, Boring.

27 fevereiro, 2006 11:42  

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