Os fixes
É a corrente dos nossos tempos. O presente futuro criou pessoas que regem os seus gostos segundo um critério muito particular.
Estes indivíduos, que vou denominar de Os fixes, não têm gostos pessoais concretos; apreciam apenas o que não é geralmente apreciável. Entenda-se: o critério, aqui, ultrapassa o gosto pessoal - o que eles efectivamente gostam não interessa realmente -, passando a haver uma selecção à priori do que é gostável para eles.
Trata-se de um processo defensivo e totalmente racional. Os fixes gostam do que a maioria não gostar, ou seja, de tudo o que não for o chamado produto comercial. Perdão. Os fixes admitem gostar apenas do que for estranho, surpreendente, censurável e reprovável. É muito à Os fixes orgulhar-se de gostar do que é dificilmente gostável.
Imagino estas minhas personagens a procurarem na internet nomes de bandas, escritores, pintores ou outros artistas totalmente desconhecidos, socialmente mal conotados ou que sejam indiferentes à maioria.
O importante para Os fixes é encontrar nos seus freaks artísticos todo o sentido de si que encontram difuso naquilo que os outros - a maioria que, interiormente, parecem considerar fútil e pouco criteriosa - conseguem apreciar sem se colocarem em causa ou se sentirem vulgares.
E está tudo muito bem.
1 comments:
Concordo. Este texto podia ter sido escrito por mim. Claramente teria melhor qualidade mas prontos (pau).
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