Pessoas que hoje passaram pela minha cabeça
O que disse que me viu à hora de almoço, com o olhar completamente perdido, invisível a tudo. A que disse que eu não precisava de me despedir já, uma vez que íamos juntas até ao portão. A que me chamou boa funcionária, além de quente. O que se cala quando me vê. O que decifrou O Tipo de Homem da Diana. O que chamou tu a quem eu chamei você. O que me chamou simpática q.b.. Aquele a quem não consigo enviar a sms que quero desde ontem. A senhora que caminhava completamente dobrada. O colega descontextualizado. O auditor corado e observador. Todas as pessoas em quem esbarrei. Todos os que tocaram a toalha de mesa, com as mãos ou olhos. A menina dos selos. A menina do pus. A menina do namorado e do ginecologista. A menina do aparelho e que não queria ir passar o fim de semana a casa. A amiga da menina que não queria ir a casa. A senhora que ia desfalecendo. A senhora que passou o dia a chorar e ninguém viu. A doutora que dá corda ao grupo inteiro. O Pirilampo que também é meu. A senhora que quase chorou e que quase toda a gente viu. O conhecido que me olha e pensa que eu não vejo. Os homens das obras que não se esqueceram da fala deles. O baixinho que me intriga. O baixinho que não me cativa e pensa que sim. Os dois lá de cima que já são amigos outra vez. Ao que morre um dia de cada vez. Ao que cumprimenta baixinho e que hoje também vi descontextualizado. O que foi comprar a tarte. A prima que fez anos. O que deu o corte à prima que faz anos. Ao quase primo que se esqueceu do cartão. A prima das fotos. A prima que já nem prima é. Ao Noddy que me faz lembrar o Pinóquio. Quem não parou de se enterrar, tentando integrar-se. A filha, amor e mamã. A mulher da agência de viagens. O gajo que me vendeu o Meds e que me fez ver que eu estava a oferecer uma prenda a mim própria. A Rute e o Fifi que me entraram agora pelos olhos involuntariamente. Todos os que vou ver amanhã. O gajo que vi duas vezes na rua em 20 minutos. Os que não me cumprimentaram. O poderoso que não me viu por causa da coluna do corredor. O que afinal não falou em mim, porque era simplesmente tudo mentira. O que desceu as escadas demasiado depressa para me poder ter visto, mas que mesmo que visse, não me cumprimentaria. O que nunca está e que eu procuro quase sempre. Todos os da fila em que estive hoje. O senhor que me deixou passar à frente, porque já ontem eu estava à frente dele. O moreno do cigarro, gozado por todos. O que vai almoçar sozinho e me fez pensar como seria se ele tivesse alguém - eu - para ir almoçar com ele. O menino dos sonhos, sempre.
Sou uma puta mental.
2 comments:
Completamente puta mental! LOL
Até podes ser mas o texto está bom e, principalmente, dá para entender. Parabéns. Saires ás oito do trabalho (tipo mineiro) anda a fazer-te bem. A roupa ajuda mas não deve ser só isso.
Enviar um comentário
<< Home