quarta-feira, outubro 26, 2005

Tudo sobre o que sente a mulher do marido que vai para a guerra como jornalista e depois é "dado como morto"!

Prefácio por Adriana, escritora light de letras metal
Numa tentativa de desvendar os mistérios do cérebro feminino, Diana Magalhães disserta sobre a importância das figuras masculinas não perecerem na guerra quando deixam as mulheres em "casa". Acrescenta, ainda, a subliminar mensagem de que quem não é tropa, é simplesmente, carne para canhão.

Este post era suposto fazer-se por geração di-espontânea, no sentido de não ser influenciado por nenhuma força exterior. Acontece que caí no erro de ler o prefácio da Adriana antes de começar a fabricar ideias. Consequências disto: as minhas expectativas foram enviesadas e este post-por-gerar nunca será o que poderia ter sido.
A Adriana conseguiu lixar-me bem lixada, porque o post terá que:
  • ser uma tentativa para desvendar os mistérios do cérebro feminino;
  • dissertar sobre a importância das figuras masculinas;
  • enviar mensagens subliminares.

Vamos a isso.

Vamos pressupor QUEM que saber o que uma mulher pensa e sente quando o marido vai para a guerra como jornalista é um mistério. É fundamental que ele vá para a guerra, COMO JORNALISTA. Porque é a única forma de ele não morrer na certa. Portanto, um dia ele chega a casa e diz-lhe:

-"Ai ai ai mulher, que vou p'rá guerra, e agora, e agora e agora?"

O VAI que ela responde:

- "Querido, calma! Não vais propriamente como tropa, como disse a Adriana lá em cima tão bem, no seu prefácio, portanto não quer dizer que vás morrer. De qualquer forma, sabes que quando voltares, eu estarei aqui à tua espera..."

O que ela efectivamente pensou:

- " Que cagarolas. De qualquer forma, 'tás fodido e eu 'tou viúva! Nem penses que eu vou ficar aqui paradinha e quieta, à tua espera..."

Abraçam-se e ele faz as malas. Claro que se ele fosse em missão "militar" teria menos hipóteses. No filme que eu vi sobre o assunto, quem faz a guerra PARA gosta dos jornalistas, ou melhor, gosta que a guerra seja divulgada, e só os matam se eles forem muito feios e/ ou não forem com a cara deles.

Algum tempo mais tarde, ele é dado como desaparecido. De desaparecido, passou a "dado como morto".

A mulher pensou alto (porque os familiares do marido estavam por perto):

- "Valha-me Deus, o meu querido marido. Não, isto não pode estar a acontecer, A porquê eu?"

A mulher efectivamente pensou:

- "Quero ver quem é que eu agora vou ter de comer para me vir cortar a relva à borla. Não, isto não pode estar a acontecer, porquê eu?"

Num GUERRA momento de iluminação, ela pensa: "Não, ele não vai ser o coitadinho, eu vou dar a volta por cima" e decide partir para a guerra, em busca do marido jornalista "dado como morto". Eu sinto que ele não morreu, diz ela para os familiares, que a olham com admiração. Ele há-de vir cortar a merda da relva, porque eu já não tenho 20 anos e com este corpo já não engato ninguém, disse ela efectivamente para si própria.

Chega lá e vê o que não quer. Há uma data de gente que morre às custas dela. E ela sempre com aquela carinha de enjoada ai-que-nojo-que-nesta-guerra-tá-tudo-porco. Quando já ninguém a podia ouvir, ela encontra o marido. Diz ela:

- "Ó meu car... inho! Dei a volta ao mundo por ti!" - de início, não se tinha apercebido que havia gente à volta.

Realmente, ela pensou:

- "Eu aqui neste monte de esterco à procura dele, a arriscar apanhar uma constipação, e ele aqui sentadinho, imóvel, nesta cama de hospital. E ainda por cima não fala e parece que não me reconhece. Aposto que já andou a comer outras por aqui..."

Ele estava traumatizado, em choque por tudo o que havia FODIDO testemunhado, pelos cenários de destruição, pelos farrapos de sangue (obrigada, Dri) que tinha visto, pelas crianças violadas, pelo cheiro a morte que pairava no ar. Ele estava louco. Não reconhecia a mulher. Tinha vivido demais aquela guerra.

Ela pensou "isto realmente só a mim" e foi-lhe a chagar a cabeça até chegarem a casa. E agora quem é que corta a relva? Eu sei que 'tás maluquinho, mas sabes bem que do meu lado da família se sofre das costas... Nem penses que eu é que vou fazer o trabalho todo e tu vais ficar encostadinho no sofá todo o dia... O marido acabou por "acordar" do pesadelo de guerra e a verdade é que se a mulher não fosse tão chata, isso não teria sido possível. Ele não a teria reconhecido de outra forma.

Quem é que acha que isto é um final feliz?


Missão cumprida.

1 comments:

Anonymous Anónimo said...

final feliz para o homem, porque por mais chata que a mulher seja, devia ser melhor que ver crianças violadas (obrigado por este lindo desenho)

para a mulher... não sei, ela nunca foi feliz, como voltou à vida de sempre, nada mudou. logo ela fica com o final indiferente
:p

26 outubro, 2005 18:52  

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