sexta-feira, julho 22, 2005

Nojo 1

Não tenho uma arma. Não tenho uma corda (mas "certamente que às tantas" arranjava-se). Não tenho uma cadeira das eléctricas (pensar nisso deixa-me naquilo que seria uma piada fácil). Não tenho comprimidos (Oh sim dol-u-ron...oh sim. Mas não chegas.). Não tenho uma seringa (quando é que o vício me deixa de bastar, até eu querer mais, sem querer melhor?). Não tenho um carro (e chegarias?). Não tenho pouco medo (fobia das fobias, para me deixar voar, cair lá de cima, subir a partir do chão e do sangue?). Não tenho uma puta de uma vida que me fizesse sentir tão miserável, ao ponto de me perder tanto, de roubar-me as referências, de purgar tudo em mim, de louvar a merda que cá resta, de só ficar o bom... E simplesmente isso não chegar, não valer a pena, como tu não valeste, como tu não chegaste, como tu não soubeste fazer sentir-me melhor, como não foste homem nem mulher para fazer fazer fazer fazer algum sentido. E eu, sou só eu, ainda resta o que sou e o que nunca mais acaba, nunca deixa de fazer parte de mim... a merda que me fazes sentir, para poder sentir mais e mais alto e mais... qualquer merda que seja... (e v. à m., p. f.) E a música não faz melhor, não cura, só faz doer, só marca a falta que tu me fazes (faz-me ainda mais falta, por favor). Agarra a merda que sou e que resta sempre, enquanto eu não consigo parar. E a culpa fica comigo e é só.