O Síndrome do "paneleiro"
Ultimamente, tenho reparado que a maioria dos indivíduos do sexo masculino com os quais me relaciono (ou que apenas andam por perto) têm uma preferência vocabular muito específica quando tentam comunicar entre si. Trata-se de um fenómeno deveras interessante. Reparemos. Enquanto os congéneres dizem: "Chega aqui!", estes meus colegas dizem: "Oh meu ganda paneleiro, anda cá!". Em vez de: "Lá vem aquele gajo...", eles dizem: "Por falar em paneleiros...".
Chegam a entoar cânticos com a mesma base vocabular: "O (nome do indivíduo) é paneleiro!" (deverá seguir a melodia de "O Areias é um camelo...").
Creio que tudo isto é, no fundo, a manifestação de carinho possível entre estes indivíduos, como que a forma menos traumática que os seus egos arranjaram de afirmar que algo os une, sem que a sua sagrada masculinidade se ressinta.
Supondo que, num ambiente específico, este tipo de linguagem é praticada como forma de integração de novos elementos, imaginemos a seguinte situação: um indivíduo entra para trabalhar numa empresa, num departamento exclusivamente formado por homens. Estes querem integrar o novo membro (um total desconhecido) e investem no uso estratégico da palavra "paneleiro" como essência da praxe. Vamos tratá-lo como um dos nossos. Que sentimento impera no pressuposto de que este recém-chegado não será, efectivamente, homossexual? E que probabilidade existirá de isto resultar num ambiente particularmente desconfortável para o novo elemento?
1 comments:
Não há versão feminina, tipo o síndrome da "paneleira"?
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