Cheiros
Prefácio por Patrícia Seara, especialista em manipulados e pessoa de poucas, mas sábias palavras
"Cheira bem, cheira a Lisboa."
Prefácio por Adriana Oliveira, telefonista e pensadora em grande parte dos seus tempos livres
O olfacto na nossa vida. O que seria de um comum ser humano se, ao passar por um poio perdido no passeio, não o pudesse cheirar? Iria confundi-lo com chocolate?
O que seria de nós se um dia acordassemos de manhã e todo o ar inspirado fosse desprovido de qualidade? Como seria se a palavra cheiro deixasse de ter significado, ou tivesse o mesmo significado de gafantorear, ou seja, nenhum? Diana Magalhães "cheira" o mundo.
Os cheiros da terra. Os cheiros que fazem doer o estômago. O perfume dos papelinhos do liceu. Os cheiros que têm cara. Os cheiros que têm dia e hora. Os cheiros que são momentos gravados na memória.
Os cheiros fazem reviver. Podem fazer-nos momentaneamente felizes (outra vez), ou induzir o vómito. Eles lembram-nos exactamente do que fizemos, do que fomos capazes de fazer, independentemente da nossa atitude actual face ao passado. Daqui poderá sair saudade ou nojo. Se eu pudesse, de novo... Como é que eu pude...?
Claramente subestimados, os cheiros orientam as nossas escolhas. Afastamo-nos do que cheira mal, aproximamo-nos do que cheira bem. Os cheiros são claramente os marcadores das nossas experiências e os indicadores da (in)felicidade dos momentos vividos. Avisam-nos se devemos fazer por repeti-los ou evitá-los.
As mulheres e os homens seduzem-se com perfumes (tentando contrariar os cheiros corporais), oferecem flores carregadas de aroma, acendem incensos e apagam velas em momentos de intimidade, para que o olfacto seja estimulado. Os corpos suam.
Parece-me que os cheiros estão gritantemente ligados à nossa sobrevivência. Ou seja, a tudo o que somos, fazemos, pensamos, sonhamos, comemos, amamos, odiamos, lembramos...
Há cheiros familiares que me fariam amar desconhecidos. Há outros que, subtilmente, me afastam das pessoas de quem gosto.
Nota: Este post está fraquíssimo. Até me ofendi a mim própria com o que escrevi. Mas como pedi os prefácios, já não poderia voltar atrás. Cheira-me que seria humilhante demais. Aha, cheira-me!!! Cá está ele... cá está ele...
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