Rescaldo d' O Dia da Mulher
Vejo-me, auto-destrutivamente, obrigada a pensar novamente sobre O Dia da Mulher.
Há duas tendências gerais de pensamento, e ambas me incomodam de forma suficiente. Existe o "Hoje é o nosso dia, parabéns!", e o cada vez mais cool: "Este dia é humilhante para a mulher".
A minha opinião é irrelevante e é principalmente por isso que a vou partilhar. O Dia da Mulher é, em si mesmo, vazio de significado, mas, se conseguirmos domar os nossos egos século-vinte-e-um-ocidentalescos, penso que chegamos ao objectivo implícito da celebração desta data.
Apesar de confiar na inteligência de quem me lê, atiro para o ar palavras como: tráfico, assédio, violação, mutilação sexual, discriminação no trabalho, preconceito, inferioridade salarial, menor estatuto social, violência conjugal, entre outras. E, se tudo isto também faz sentido no masculino, então vamos criar O Dia do Homem. É igual.
Acho que ser mulher não é nada de extraordinário, por isso não gosto de receber os parabéns por mais um aniversário no feminino. Não me orgulho, nem me envergonho de ser F. É um dia que não me faz sentir bem, nem me humilha. Apenas me faz pensar sobre um facto. A tal coisa - o tal fenómeno - que é ser mulher.
Acima de tudo, não quero festejar um dia que só me faz sentir a falta do outro lado da moeda.
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