segunda-feira, outubro 10, 2005

A minha inutilidade

Estive a pensar na minha vida, no que actualmente ela representa e no meu papel na sociedade. Tendo em conta que os meus contactos com essa tal de sociedade neste momento são mínimos, restrinjo a minha análise à minha família. O resto-não-resto que me desculpe, se quiser.
Nunca me senti tão inútil e dispensável, em 22 anos.
Reprimi a minha infância, como a maioria das pessoas - e ainda bem. Dessa altura, a minha família nunca se queixou muito. Era magrinha e comia pouco, ao que parece. Depois, chega a altura de ir para a escola. Mesmo que os meus pais já aí não gostassem muito de mim, era obrigação deles porem-me a estudar, até porque não havia fábricas por perto a aceitarem crianças para trabalhar. E agora vocês podem dizer: "Ah, mas a escolaridade só é obrigatória até ao 9º ano, e tu estudaste até à licenciatura!". Eu primeiro diria: "Calma!", e depois "Meus caros, isso aconteceu por mero hábito". De facto, penso que os meus pais apenas não quiseram ser diferentes dos demais e mantiveram-me a estudar até ao secundário. Quando surgiu o ensino superior, não me lembro de eles insistirem muito para que ficasse a estudar em Viseu. Suponho que agarraram bem a oportunidade de me terem a 86 kms de distância. Portanto, estudei até ao secundário por comodismo, e licenciei-me como objecto familiar de investimento.
Posto isto, acabado o meu percurso escolar básico, dou conta dos dias passar sem quaisquer obrigações. Acabo por me sentir mal por ver um copo por lavar na banca da cozinha, como se isso fosse a única hipótese de mostrar aos elementos envolventes que sirvo para alguma coisa. Meus amigos, vou ter de fazer qualquer coisa em resposta à minha progressiva inutilidade. Depois de muito pensar, tenciono demarcar-me do meus 2 irmãos, do meu pai, da Mondego e, principalmente, da minha rival mais temida, a mãe Luísa, no que toca à lavagem do copo-solitário-por-lavar. Hei-de ser a melhor, fazer disso uma arte a roçar a perfeição, de modo a tornar-me insubstituível nesta casa. E aí, não haverá falta de rotina ou perda de lucro a médio/ longo prazo, por investimento, que me derrube e tire desta casa.
A vida é assim. Não me sentiria traída, se a minha família chegasse ao pé de mim e me dissesse, em coro: "Diana, tu sabes que nós os quatro gostamos de ti, até porque és da família, mas começa a ser puxadito ter-te cá em casa... até a Mongas é mais útil.". Eu diria: "Só posso compreender. Obrigada por tudo, deixem-me só arrumar as minhas coisas e prosseguirei a minha vida além Campo."

5 comments:

Blogger A Mulher said...

Acho que vou ter problemas por causa do tamanho deste post...

10 outubro, 2005 21:00  
Anonymous Anónimo said...

Não!não sejas tão cruel contigo mesma,não és nenhuma inútil, não tenstido é mta ocupação no últimos dias...O teu irmão (só p ser d família, pq acontece o msm a mtas mais pessoas) também já passou p isso, não sei é s ficava tão incomodado c isso como tu...
Este comment tb ficou puxadito...

10 outubro, 2005 23:25  
Blogger Tiago said...

Li com atenção este "post". Ideias que ficam: "Era magrinha e comia pouco" está bem está, querias. A ida a Coimbra concordo que tenha sido vingança familiar. Coimbra é horrível e deixa marcas. Mais, não tenho a ideia de ter visto alguma vez a lavar alguma coisa.E claro que concordo com o guedes (ando medicado) tu não pensas nada disso. Quanto à Patricia, deixa-me só descobrir o blog dela.

11 outubro, 2005 09:41  
Blogger Tiago said...

O mundo é livre e nem todos gostam do mesmo. Sinceramente acho Coimbra uma aberração mas, certamente, haverá alguém que goste. Deixo a droga quando tu deixares o Skate e o Bolicao.

11 outubro, 2005 15:51  
Blogger Tiago said...

Eu quando é para lixar é para lixar. Sou aquilo a que se chama um gajo lixado. No secundário eu tinha a alcunha de "gajo lixado", no ensino superior de "gajo lixado" e agora enquanto activo (trabalho) de "gajo lixado". Ando rodeado de gente pouco criativa. Acho que sou lixado para essas coisas.

11 outubro, 2005 17:26  

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