quarta-feira, janeiro 25, 2006

Eu quero e preciso

Agora só falta saber o quê...

A solidão

Não é a solidão que faz um homem sozinho.
Pedro Abrunhosa (1997)
Para mim, é aquela vontade, cá dentro, que nos induz a restar no nosso mundo e não deixar ninguém entrar. E, então, vamo-nos esvaziando.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Sorria face à adversidade...

... mesmo que, muitas vezes, não tenha desculpa para as merdas que faz.

Conquistadores ou sedutores?

Levo-te comigo ou vens comigo?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Stalemate

Eu .......................................................................... Eu
Eu .......................................................................... Eu
Eu .......................................................................... Eu
Eu .......................................................................... Eu
Eu .......................................................................... Eu
Eu .......................................................................... Eu
Eu .......................................................................... Eu
Eu .......................................................................... Eu

O meu tema

Num destes últimos dias, perguntaram-me se eu só escrevia posts deprimentes quando estava em baixo - seleccionando o que poderia ou não corresponder ao "tema" do blog -, ou se escrevia simplesmente o que sentia.
Este é o meu tema. É isto o que, para mim, faz sentido escrever. Não sei sequer escrever de forma diferente, acho eu. Quem sabe, um dia, me redescubra a escrever e deixe de comer a cabeça a quem ainda passa por aqui. Lembro-me que os tempos em que fui mais normal, foram aqueles em que eu não escrevia nada. O meu sonho a curto-médio prazo é, desde há já algum tempo, desencarnar do blog. Não pretendo desenhar a auto-destruição perfeitamente para sempre. Quero viver mais do que isto que se pode ler.
No futuro, pretendo dedicar os meus dias apenas ao trabalho e ao consumismo. Aliás, o meu objectivo será justificar a minha existência apenas através do meu vencimento e daquela camisola Zara de que claramente não necessito, mas que não vou conseguir deixar de comprar. Acho que este é o caminho para a casa com jardim que eu tanto me convenço que quero.
Suponho que muitos escrevam para os amigos, para passar o tempo, para tornar a realidade menos séria (real), porque é moda, por verem os outros escrever... Escrevem, porque alguma coisa levam daqui; nem que seja só porque sim ou porque não?.
Não sei o que vocês fazem por aqui.
Eu, garantidamente, tento resolver os meus dias. Tenho ambição para pouco mais do que isto.
Um dia, nem que seja no último, não restará mais do que um (o) Desenho vestigial.
Quase que prometo.

sábado, janeiro 21, 2006

Coisas que me irritam

Dizer qualquer coisa e a pessoa para quem eu falei simplesmente não responder, de nenhuma forma possível. Não por não ter ouvido. Não por não ter nada a dizer. Não por estar afónico. Por nada. Este tipo de pessoas não deveria ter espaço no meu mundo.

Reflexos

Que tal... esquecer tudo o que eu deveria ter dito?

Sorria face à adversidade...

... mesmo que não tenha uma noção bem clara do que você é!

Os medos, coragens e clicks

Às vezes inventamos medos para justificarmos algumas cobardias que temos. Não há razão para ter medo. O medo não existe.
Camacho Costa (2002)
Costumo dizer que sou a verdadeira cagarolas. Quem me conhece, não pode deixar de conhecer também os meus medos. Tenho medo de alturas, arrepio-me só com a ideia de ver ou tocar em feridas e sangue, tenho a certeza de que nunca andarei de avião sem estar anestesiada ou inconsciente, seja de que forma for. Tenho, muitas vezes, vergonha de mim, do meu corpo e de coisas que me ouço dizer. Tenho pavor da atenção de multidões. Odeio ser avaliada e testada. Tenho receio de falar em público. Tenho, vezes demais, medo de perder pessoas na minha vida. Opto por perder antecipadamente. Não me lembro de sofrer de outra forma.
Não sei bem como, com que níveis de sanidade mental e felicidade instantânea, consegui alcançar tantas coisas na minha vida. Com tudo o que me tem acontecido (e esta forma de expressão não significa que me tenham acontecido muitas coisas más, mas apenas as suficientes para justificarem, na minha cabeça, o recurso a ela), cheguei aqui.
Eu acho que o medo existe e tem que existir. Mas concordo com a primeira frase. Assim como desenterramos medos para justificarmos merdas na nossa cabeça que mais não serão do que cobardias, também acho que nos enterramos ao criarmos forças para acreditarmos em muita coisa que não existe. É como se quisessemos ter medos, para não fazermos coisas. É como se quisessemos que, desta vez, nesta nova oportunidade, pudessemos ser diferentes e ter algo especial na nossa vida. A pouco e pouco, começamos a acreditar que estamos a fazer o que está certo, que estamos apaixonados, que um determinado curso ou profissão é a nossa vocação, que o que nos faz realmente felizes é isto ou aquilo... O click de que tanta gente fala e que muda tantas vidas, é da responsabilidade do nosso cérebro, das nossas ausências e carências.
Eu tenho esta teoria. Considero que os nossos medos e as nossas coragens partem de nós, de tal forma, que não existirão tais coisas como vocações, grandes amores, fobias ou espaços mentais únicos, desenhados por actividades, onde nos sentimos compreendidos, confortáveis e próximos da felicidade.
Quase tudo na minha vida contradiz esta minha teoria. Mas.
Tal como uma amostra grátis de amaciador numa embalagem de champô, a capacidade extremamente desenvolvida de não arriscar faz parte do pacote Diana. Vai querer levar?

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Reflexos

Observar, tentando não rir de nervos, um empregado-homem a dobrar, muito bem dobradinha, a tanga cor-de-rosa que acabámos de comprar.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

O interesse pelo meu desinteresse

De uma forma geral as pessoas são desinteressantes e não há pachorra para as aturar.
Manuela Moura Guedes (1999)
Não podia concordar mais. É a minha opinião e auto-confirmo-a todos os dias. Diariamente, vej0-me mais desinteressante. Desinteressa-me a forma como reajo às pessoas, mais do que às coisas em si. Desinteressam-me os meus gostos, como se eu não conseguisse parar de fazer aquilo de que menos me orgulho. Desinteressam-me os meus prazeres, o que gosto na Vida. O que me faz rir tem cada vez menos interesse para mim e eu acho piada a isso.
Cada vez com menos interesse, revejo-me na vida simples com que sempre sonhei. Cada vez com menos interesse, desinteresso-me pelo tempo de que ainda disponho. A única coisa que me tem interessado é o meu desinteresse por mim e o desinteresse pelo meu interesse pelos outros.
Nota-se, ainda, um crescente desinteresse pela selecção criteriosa das fontes citadas no Desenho. Mas também... o que é que isso interessa?

Actividades que reprovo num homem*

Um dia teria de escrever sobre isto - maldita cabeça que não tira férias.
Há actividades que me fazem automaticamente rejeitar intimamente um homem - confesso que não consegui trocar o que escrevi em itálico por outras palavras.
Em seguida, apresento alguns exemplos do que um homem pode fazer/ praticar ou apreciar e que eu não suporto:
  • Tourada;
  • Caça;
  • Atirar beatas acesas a pombas ou qualquer outro tipo de ser vivo e rir em seguida, que nem um labrego;
  • Tuning;
  • Atiçar cães na rua, sem qualquer motivo além do inato meter nojo ao mundo;
  • Escarrar em jeito de repuxo;
  • Escarrar como sinal de virilidade;
  • Escarrar com som incluído;
  • Ignorar-me quando dou uma opinião;

  • Acima de tudo, viver mais no outro mundo do que eu.
Qualquer dia apresentarei mais.

* O que não quer dizer que não fale com um homem assim. Apenas que, caso fale, no preciso momento em que estiver a trocar alguma ideia com ele, a minha cabeça estará simultaneamente a pensar coisas pouco ortodoxas acerca dele.

O Casamento

Para que a sanidade não seja quebrada no meio da obrigação de trabalhar, muitos temas são abordados no contexto de trabalho, se não for com "as vozes da nossa cabeça" (Adriana, 2006), com os colegas de serviço. Hoje, entre todas as conversas que vieram à baila, falou-se de casamento - essa grande maluca do mundo das instituições. Bem, o que há a salientar deste assunto, foi que, enquanto os meus colegas (um casado, outro não) trocavam o que me pareciam ser impressões pseudo-românticas sobre o tema, a minha cabeça concentrava toda a minha atenção para a seguinte pergunta:
Mas, agora a sério, porque é que as pessoas ainda se casam?
Enquanto algo cá dentro gritava: "Pergunta-lhes, qual é o problema?!", a minha consciência (acho eu que era esta a falar) repreendia-me esse impulso, com a justificação de que não seria correcto comer a cabeça a pessoas com as quais ainda não tenho contacto o suficiente para aceitarem as minhas apreciações "especiais" sobre o mundo, sem me estranharem como pessoa dita normal. Acontece que, em conversa comigo própria, decidi ficar-me pelo silêncio e pelos sorrisos cúmplices com a conversa que estava a decorrer. Se me passou pela cabeça que mais valia eles ficarem já a saber quem eu sou (para terem a oportunidade de escolher evitar afeiçoarem-se a mim antes de conhecerem os meus podres), por outro lado pensei nas consequências. Mostrar-me agora dar-me-á trabalho demais, obrigar-me-á a dar mais de mim do que eu estou, para já, disposta a dar. O que eu diria a seguir desvendar-me-ia.
Se querem saber, acho que teria mais lógica as pessoas casarem-se no final da vida, nos casos em que realmente tivesse feito sentido para as duas pessoas o tempo vivido juntas. Como se fosse uma cerimónia póstuma... Um prémio pela sorte, pelo sacrifício, pela paciência, pelo amor ou por aquilo-que-qualquer-outra-palavra-possa-significar-que-tenha-contribuído-para-que-esse-tempo-em-comum-tenha-sido-tão-feliz. Ou seja, o contrário do que a maioria dos casamentos de hoje em dia merece.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Pensamento de todas as manhãs

Isto não me pode estar a acontecer...

Os "artistas" que todos somos

Um artista é alguém com uma espécie de absoluta verdade em relação ao mundo, independentemente da validade que ela possa ter para os outros.
Pedro Cabrita Reis (1999)
Parece-me uma sonante citação, quem sabe um oportuno prefácio para um livro sobre uma qualquer variante artística. Acima de tudo, é uma brilhante desculpa.
As desculpas, para mim, são muito mais do que pequenas e inocentes mentiras. São, acima de tudo, belíssimas oportunidades que podemos dar a nós próprios para sermos optimistas em relação ao que pensamos e fazemos. Podemos pensar e fazer coisas boas ou más - é indiferente o rótulo que lhes pomos. Acho que o que pode dizer mais acerca de nós, em vez de pessoas bem ou mal-intencionadas, é a interpretação que damos às nossas coisas, em especial, a tudo o que fazemos e pensamos de desviante - suponho que é com isso que valerá a pena perder algum tempo.
Por exemplo, animando qualquer conversa em que possamos ser atingidos com comentários como: "Tu és um bocado teimoso, não? Não terás um bocado a mania que só tu é que tens razão, pá?!", a resposta ideal poderá efectivamente passar por algo do género: "Sim, esse será o caminho de pensamento mais fácil de fazer, quando se tenta reflectir sobre a minha partilha com o mundo*. Porém, há interpretações que não estão ao alcance de todos. Alguém brilhante certamente diria que sou um verdadeiro artista e que, incontornavelmente, esse estatuto faz de mim um provocador de mentalidades e, acima de tudo, um líder, em termos de verdade". Além de se sair aparentemente bem defendido, sem ter de gritar para ter razão, e de ter chamado burros aos seus ouvintes sem que eles dessem por isso, escapa-se de fininho à esparrela de ter tentado convencer os outros de que as suas ideias é que estavam certas.
Por último, quem é o Pedro Cabrita Reis?
* não esquecer de dar a entoação de voz-tipo-carro-a-passar-por-lomba-numa-estrada ao pronunciar a palavra "mun-do", como quem tem algo de maior para dizer.
Pequena nota: Não é por acaso que, quando alguém faz merda, se costuma dizer: "Olha-me só este artista!".

Coisas que me irritam

A recente moda de se escrever "estória", em vez de "história", só para armar. Havendo diferenças entre os significados destas duas palavras desde há muito tempo, porque é que só agora toda a gente parece ter-se lembrado que a "História da Carochinha", afinal é a "Estória da Carochinha"?! Por favor, párem. Cambada de gringos da escrita...

O síndrome "A-mulher-não"

Para os homens, muito para além do que consideram ser "coisas de gaja", existem as coisas que as mulheres não fazem e/ ou não podem, não sabem e não devem fazer. Muitos acreditam piamente que elas não sofrem de flatulência, alguns desiludem-se quando ouvem uma mulher a dizer asneiras, e outros recusam-se (in)conscientemente a viajar num carro conduzido por uma mulher. Cá está o velho problema de assumirmos posições relativamente aos outros de forma completamente infundamentada. Ou então não, é apenas a força dos velhos mitos a falar mais alto do que a razão. Tretas.

A agressividade, segundo Eduardo Sá (versão light)

A agressividade é o melhor antidepressivo do mundo.
Quando nos magoamos é saudável que façamos um movimento agressivo proporcional à dor.
Eduardo Sá (2002), claramente.
Pessoalmente, acho que faz todo o sentido. Se a minha primeira reacção é dizer imediatamente: "É... este senhor sabe sempre tudo...", terei de, muito convenientemente, a reprimir. De facto, até concordo com o meu ex-professor. Desta vez, ele não veio reavivar-me a memória quanto a facadas em frigoríficos dadas por menores-perturbados-que-apenas-querem-chamar-a-atenção. Meus caros, desta vez é mesmo a sério.
Pensemos no exemplo mais simples que exista; este será também o mais claro. Vamos a levantar-nos e, numa questão de milésimos de segundos, batemos com a canela na barra de madeira da secretária (realmente dura e maciça). Em vez de ficarmos sossegados a remoer para dentro a dor, pensando em mil e uma razões para não deprimir durante seis meses, o correcto é mandar uma potente caralhada. É incrível, mas a dor vai ser miraculosamente atenuada.
Por favor, experimentem isto em vossas casas.

domingo, janeiro 15, 2006

What if...

... it would have lasted forever?

Reflexos

Estive a pensar sobre a banda sonora da minha vida. Acústico?
A decade ago, I never thought I would be
At twenty three, on the verge of spontaneous combustion
Woe-is-me

Sorria face à adversidade...

... mesmo que não possa (vi)ver o mundo lá fora!

Várias portas

Esta noite, sonhei que a minha ex-faculdade, tinha passagens secretas para as grandes capitais da Europa. Lembro-me de, minutos antes de o meu pai me acordar para comer os restos de pizza de ontem, estar a entrar numa cidade da Polónia - curiosamente, com nome de urbe da Suíça-, onde conheci gente muito duvidosa, onde percorri ruas cheias de bancas de artigos de aspecto marroquino, onde interrompi aulas cheias de alunos e professores, em salas com condições ergonómicas qualitativamente superiores às nossas, onde visitei grandes salões de candeeiros à Harry Potter.
Que maravilha. Preciso claramente de sair deste lugar chamado Portugal.

"Coisas de Gajo": reforçar o que recriminam

Há muitos homens que se queixam das suas namoradas. Em particular, acusam-nas de os não deixarem em paz, de lhes telefonarem a toda a hora, de lhes controlarem as saídas e as companhias, de ficarem chateadas se eles saem com amigos e elas não são convidadas, de ficarem de trombas quando se fala de outra mulher, entre muitas outras queixas.
Tudo isto faz com que estes pobres jovens tão apaixonados tenham de ceder aos desejos e caprichos das suas caras-metades.
Mais do que se queixarem das chatas das suas namoradas, "é de gajo" permitir que tudo isto continue a acontecer nas suas vidas.
Há quem diga que eu sou muito radical quanto a este assunto. Outros apenas sublinham o facto de eu nunca ter lutado por nada na vida, nunca ter gostado de ninguém ou, simplesmente, não saber o que é fazer um sacrifício por algo maior.
Pois sim, seja.
Compactuar com a Hetero-Destruição é que não*.
* Esta tarde, enquanto perdia a noção do que é dianamente correcto, fiz zapping. Acabei por me sair muito bem, porque apanhei uma grande cena, num dos filmes que inudam os canais generalistas, aos domingos à tarde. Um gajo, que iria indubitavelmente apanhar uma carga de porrada de um grupo de gajos, antecipa-se aos seus agressores e começa a auto-fustigar-se: dá um murro num vidro de um carro e manda uma cabeçada num vidro de uma montra de uma loja. Em seguida, ensanguentado, cai, de cara, no chão. Fabuloso. Ele escolheu ser o agente da sua incontornável dor.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

O cúmulo da normalização

Gostar de Nirvana. Dançar todas as músicas como se se estivesse a ouvir Nirvana.

Eu e o Euromilhões (se é que me faço entender)

Esta noite, sonhei que estava a preencher o meu boletim do Euromilhões. Incapaz de me decidir por um número para completar a minha chave, um cavalheiro meu conhecido, muito prestavelmente, sugeriu-me o que faltava e, posteriormente, ganhei o primeiro prémio.

Sei que me envolvi com o meu dador da sorte grande, mas já não me lembro se foi antes ou depois de saber que, afinal, em sonhos, eu tenho, pelo menos, sorte ao jogo.

Reflexos

Comprar Ganso com Ervas, Atum com Amêijoa, Caçarola de Vitela e leitinho sem lactose para a minha gata e, para mim, pegar num paposseco com o que houver no frigorífico e dividi-lo em dois, um para a manhã e outro para a tarde.

Três ou quatro meses

Passou muito pouco tempo, mas claro que sinto saudades. Do que sinto mais falta é do tempo que tinha - era este que me oferecia todas as possibilidades.
Passou tão pouco tempo, que as saudades não podem valer só os três ou quatro meses que me separam de uma vida completamente diferente. Acontece que a falta sentida pela mudança está vazia de possibilidades, cheia de kilómetros.
Não fossem os tempos idos o que foram e cheira-me que não existiria saudade que aguentasse a pessoa que me espera ser.
I love the sound of you walking away...

quinta-feira, janeiro 12, 2006

"Coisas de gajo": não ousar a perfeição

Não conseguir ver que, no Pro Evolution Soccer 5, os jogadores correm como se estivessem a puxar em força uma corda imaginária.

Sorria face à adversidade...

... mesmo que se sinta completamente vandalizado com o que o fazem fazer de si próprio!

A minha escrita

Não vem de hoje, mas tem ficado para hoje.
É um facto: eu tenho a típica escritazinha irritante de menina caprichosa.
Confesso que o meu maior medo aqui passa pela certeza de muitas manias minhas de escrita fazerem de mim uma despercebida. Não gosto de pensar que sou uma desentendida em solo sagrado. Gostaria de as conhecer a todas e escondê-las estrategicamente num post inocente. Por exemplo, como este.
O claramente. As frases curtas, de palavras cheias. Os pseudo-subentendidos que ninguém pode adivinhar e alguém deveria desvendar. Os pseudo-pseudos. A obsessão pelos advérbios, as pausas e os silêncios compulsivos. A carga dramática, que qualquer um julga exagerada e, logo, escusada. As constantes salvaguardas e generalizações, como rede, lá no fundo da arena. As analogias pseudo-românticas como esta última. A confusão entre o resolúvel e o exorcizável. Os itálicos sem fim. Tudo (o que) não é racional, tudo o que sabe a contraplacado em forma de texto e é lembrado apenas como perda de tempo. Os pontos finais que seriam reticências e as reticências a mais... tal e qual.
É impossível agradar, quando (se) é assim.
Não vem de hoje, mas não vem tarde. Tarde é amanhã*.



* claramente uma frase curta, com palavras cheias de pseudo-subentendidos (e os asteriscos, com chamadas de atenção completamente irrelevantes e que poderão ser tidas como puros desvios de atenção para o non-sense que transborda?! - por favor, já chega e, por isso mesmo, saber-me-á bem demais poder continuar.)

Reflexos

Depois de tudo o que nunca sonhei para mim, vem a vida que tenho agora.
Apanhada completamente desprevenida e sem ser bom ou mau, por ora não quero agarrar sonho nenhum.
Só tenho condições para viver o resto.
O que eu fiz ao meu mundo...

People say that your dreams
are the only things that save ya
Come on baby in our dreams,
we can live our misbehavior.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Sorria face à adversidade...

... mesmo que o mundo não rentabilize os seus mais belos pormenores!

Reflexos

Nenhuma imagem, neste momento, saboreio tão bem como me soam as passadas que dou, o mais sozinha possível, numa qualquer rua de Viseu, em fim de tarde fria, em que insista o aroma a bolos acabados de fazer.

A idade "lá"

PARTE I
(O pressuposto e a salvaguarda habituais)
A idade acrescenta sempre qualquer coisa, a qualquer pessoa.

PARTE II
(A parte catártica perfeitamente escusada, mas com a qual têm de gramar porque esta é a liberdade que ganhei ao ter um blog cuja leitura não é obrigatória- mentira, podem passar já à PARTE III, ou então, optar pela opção mais sensata: o click libertador do Desenho)
Suponho que nem sempre possa trazer coisas positivas, como fielmente ditará a justiça aplicada pela - chamemos-lhe assim para evitar outras discussões - Vida. A minha opinião costuma dizer-me que qualquer pessoa fica mais interessante com a idade. Pela experiência, pela marotice que os anos trazem, pelas manhas do mundo que se começam a dominar, pelas palavras que passam a silêncio, pelas marcas do tempo no corpo, pelos defeitos que se vincam ou pelos caprichos que desvanecem. Há qualquer coisa no orgulho ou arrependimento dos anos que me fascina, como se, para mim, tudo o que foi vivido valesse em si mesmo, só por ter acontecido. Por ter ficado, lá atrás, num tempo e num espaço em que nunca mais ninguém poderá tocar. Isso não muda; trazemos o que fizemos em tudo o que somos agora. Por mais que se faça por esquecer ou desvalorizar, como eu tantas vezes insisto em fazer. O Futuro não existe na cabeça que agora tenho; o que planeio fazer futuramente confunde-se com o que penso, o que quero e faço agora, neste momento. Acho que não consigo programar momentos no tempo, sem que disponha esforço nesse sentido agora. Nesta lógica de ideias, prefiro então acreditar que Futuro é igual a Presente.
PARTE III
(A teoria)
Acredito piamente que a idade favorece os homens. Não estou farta dos homens da minha geração, nem satisfeita com eles. Eu estou nada em relação a eles. Não os conheço, tão pouco. São estranhos, sou estranha. Não sei sequer como me devo referir a eles: não são rapazes, mas também me custa chamá-los homens.
Não é propriamente uma novidade para mim, nem para quem tem acompanhado a minha vida amoroso-fantasiosa*, mas algo me compele a insistir no assunto e sublinhá-lo à minha cor: os homens de quarenta, cinquenta anos têm qualquer coisa. Claramente vantajoso, este qualquer coisa mostrou-se decisivo para mim, no meu actual habitat. O resto do mundo continua a existir - muito por culpa da pequena limitação que tenho em não poder moldá-lo ao meu gosto -, mas eu ressinto-me quando vejo aqueles anos a mais. Preocupa-me efectivamente que eu páre só naqueles anos a mais para mudar. Não olho tanto tempo, não falo mais do que o socialmente correcto, não sei tão bem o que estou a fazer. Em tantos anos a mais, é o saber dizer só o que é preciso, é também o silêncio sensato... é a cor do cabelo, é o cigarro, é o arrependimento dos anos na voz, é a tristeza que se pressente em qualquer altura e que eu sugo desalmadamente. Não é desmérito dos outros, ele vale por si, entre os iguais e o resto dos congéneres. , há um conforto desconhecido muito grande. Não, não queria nada ser filha aqui. Se é que me faço entender.
Se puxar um pouco mais por mim, sou capaz de acreditar nisto até ao fim.
Não vamos querer isso, vamos... ?
* para o mundo também não.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Sensações Estranhas

Conhecer a filha de alguém que, um dia, poderia ter sido a mulher do vosso pai, mas não foi.
Isto foi dos rascunhos mais catárticos que este Desenhoemoldurou.

Não, esta letra não ficava melhor em inglês!

Quantas vezes vais olhar para trás?
Estás preso a um passado que pesou
Quantas vezes vais ser tu capaz
Fazer sair quem por engano entrou?

Abre a tua porta
Não tenhas medo
Tens o mundo inteiro
À espera para entrar
De sorriso no rosto
Talvez o segredo
Alguém te quer falar

Olha em frente e diz-me
Aquilo que vês
Reflexos de quem conheces bem
Ouve essa voz, é a tua voz
Atenção e a razão que tens

Abre a tua porta
Não tenhas medo
Tens o mundo inteiro
À espera para entrar
De sorriso no rosto
Talvez o segredo
Alguém te quer falar

Deixa o mundo girar para o lado que quer
Não podes parar nem tens nada a perder
Estás de passagem,
Não leves a mal se te manda avançar
Talvez seja o sinal que não podes parar
Estás de passagem

Vai aonde queres
Ser quem tu quiseres
Estende a tua mão
De quem vier por bem,

Abre a tua porta
Não tenhas medo
Tens o mundo inteiro
À espera para entrar
De sorriso no rosto
Talvez o segredo
Alguém te quer falar

Deixa o mundo girar para o lado que quer
Não podes parar nem tens nada a perder
Estás de passagem,
Não leves a mal se te manda avançar
Talvez seja o sinal que não podes parar

Estás de passagem… só de passagem
Estou de passagem para outro lugar...

Reflexos

Tou farta dos sítios por onde ando. Preciso de um carro, de um namorado com carro ou apenas de um pouco mais de conformismo.
ERRATA: onde se lê "namorado", deve ler-se "amigo".

(aceita-se título...)

If it can be broke then it can be fixed,
if it can be fused then it can be split
It's all under control

If it can be lost then it can be won,
if it can be touched then it can be turned
All you need is time

We promised the world we'd tame it,
what were we hoping for?

A sense of purpose and a sense of skill,
a sense of function but a disregard
We will not be the first

You said you were going to conquer new frontiers,
Go stick your bloody head in the jaws of the beast

We promised the world, we'd tame it,
what were we hoping for?

Breath in, breath out

So here we are reinventing the wheel
I'm shaking hands with a hurricane
It's a colour that I can't describe,
It's a language I can't understand
Ambition, tearing out the heart of you
Carving lines into you
Dripping down the sides of you
We will not be the last.

Sorria face à adversidade...

... mesmo que nem tudo o que tente compor fique perfeito.

O meu irmão mais velho e a minha sobrevivência até ao dia de hoje

Eu acho que o meu irmão mais velho às vezes até parece gostar de mim, principalmente quando eu não me atraso muito de manhã, quando não falo demais, quando tem algo para dizer que não pode guardar para ele e não há mesmo mais ninguém que queira saber e, obviamente, quando o Sporting ganha. Por outro lado, outras vezes, tenho quase a certeza de que ele se esquece que eu existo e que preciso de coisas, como por exemplo, uma simples boleia. Como até hoje tem-me ignorado várias vezes e eu tenho sobrevivido, ele pressupõe que desta vez não será diferente. Não estou a dizer que seja por mal, mas o meu irmão tem momentos em que efectivamente caga para mim. Mesmo antes de saber os resultados dos jogos do Sporting.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Reflexos

Ou estou a trabalhar, ou tenho sono, ou é fim-de-semana.

Cheiros

Prefácio por Patrícia Seara, especialista em manipulados e pessoa de poucas, mas sábias palavras
"Cheira bem, cheira a Lisboa."
Prefácio por Adriana Oliveira, telefonista e pensadora em grande parte dos seus tempos livres
O olfacto na nossa vida. O que seria de um comum ser humano se, ao passar por um poio perdido no passeio, não o pudesse cheirar? Iria confundi-lo com chocolate?
O que seria de nós se um dia acordassemos de manhã e todo o ar inspirado fosse desprovido de qualidade? Como seria se a palavra cheiro deixasse de ter significado, ou tivesse o mesmo significado de gafantorear, ou seja, nenhum? Diana Magalhães "cheira" o mundo.

Os cheiros da terra. Os cheiros que fazem doer o estômago. O perfume dos papelinhos do liceu. Os cheiros que têm cara. Os cheiros que têm dia e hora. Os cheiros que são momentos gravados na memória.
Os cheiros fazem reviver. Podem fazer-nos momentaneamente felizes (outra vez), ou induzir o vómito. Eles lembram-nos exactamente do que fizemos, do que fomos capazes de fazer, independentemente da nossa atitude actual face ao passado. Daqui poderá sair saudade ou nojo. Se eu pudesse, de novo... Como é que eu pude...?
Claramente subestimados, os cheiros orientam as nossas escolhas. Afastamo-nos do que cheira mal, aproximamo-nos do que cheira bem. Os cheiros são claramente os marcadores das nossas experiências e os indicadores da (in)felicidade dos momentos vividos. Avisam-nos se devemos fazer por repeti-los ou evitá-los.
As mulheres e os homens seduzem-se com perfumes (tentando contrariar os cheiros corporais), oferecem flores carregadas de aroma, acendem incensos e apagam velas em momentos de intimidade, para que o olfacto seja estimulado. Os corpos suam.
Parece-me que os cheiros estão gritantemente ligados à nossa sobrevivência. Ou seja, a tudo o que somos, fazemos, pensamos, sonhamos, comemos, amamos, odiamos, lembramos...
Há cheiros familiares que me fariam amar desconhecidos. Há outros que, subtilmente, me afastam das pessoas de quem gosto.



Nota: Este post está fraquíssimo. Até me ofendi a mim própria com o que escrevi. Mas como pedi os prefácios, já não poderia voltar atrás. Cheira-me que seria humilhante demais. Aha, cheira-me!!! Cá está ele... cá está ele...

Parabéns a mim...

e obrigada, Gonçalo!
Que saudades de todos esses quadriláteros...

domingo, janeiro 08, 2006

Sorria face à adversidade...

... mesmo que quase não tenha tempo para isso!

O síndrome dos rótulos

Isso é coisa de gaja.
B52 é shot de gaja. "You're beautiful" é música de gaja. Chorar é de gaja. Vinho branco é bebida de gaja. O C3 é carro de gaja. Bater com o carro é de gaja. Ir ao WC aos pares é de gaja.
Tou farta. Vocês, que são gajos, são uma seca.

sábado, janeiro 07, 2006

O meu cativeiro

Hoje em dia sou claramente a observadora. É o que resta para mim, por entre o tudo que não posso fazer, sem chamar atenções indesejadas. A pouco e pouco, vou-me habituando aos trilhos que já estão traçados e esqueço o que há aí para mim. É contorcionismo que faço, para simplesmente ser. Só seria diferente, se passasse completamente despercebida ao mundo, se houvesse cantos suficientes para me esconder, para poder existir.

Não tenho tempo durante o dia para poder pensar sobre mim, entender as coisas que se passam comigo. Não tenho alguém-em-espelho para me explicar. Não tenho uma guitarra que me faça esquecer o mundo quando o rejeito.

E simplesmente não tenho coragem para os meus caminhos difíceis. Não há como escapar a este mundo, só quero tornar esta viagem o menos dolorosa possível.

Algo Meu

É só o nada a bater-me à porta
E a mim importa-me que estejas a meu lado
Enquanto o medo vai dançando à minha volta
É só uma imagem que sonhei doce imagem
Nada que um dia após o outro reproduza
Mas meu amor estarei sempre de passagem
Esqueço o que eles dizem sobre um grande amor
Quem podia mais querer-te como eu
Nada que acredite conseguir mostrar pois é algo meu
Porque eu sou muito bem mandada...

O Primeiro Violino

Gosto quando sou ligeiro-suficientemente obrigada a ir a um sítio qualquer e depois acabo por aproveitar muito mais o momento do que poderia esperar. Isto é a melhor abordagem que alguma vez poderei fazer de uma surpresa.
Fui a um Concerto de Ano Novo e Reis* pela primeira vez. Muito bom. Se, de início, a agradabilidade do programa passa pela novidade dos sons que se ouvem - por, claramente, não estar habituada a sons daquela qualidade -, a partir de certa altura, começamos a saborear os instrumentos e a escolher o que queremos ouvir dentro da nossa cabeça. À parte o conteúdo quasi-esquizofrénico do que acabei de dizer, tenho a noção de que, aos poucos, me começo a perder no meio de toda aquela música. É como se se soltassem todas as emoções, qual bexiga sem esfíncter**... estas se misturassem, se confundissem, e como se, muito além daquelas músicas que nos fazem reflectir sobre a nossa vida (e de que nós até tanto podemos gostar), estes sons nos entrassem especial e violentamente na cabeça e não nos deixassem pensar em nada.
Aquele trecho d'A Lista de Schindler... aquele primeiro violino... a voz dele quase sem respiração... meu Deus. É outra música.
* Orquestra Filarmonia das Beiras, direcção de António Vassalo Lourenço - Teatro Viriato, Viseu.
** tenho noção de que, muito provavelmente, estraguei o texto com esta analogia.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Mulheres paradas na rua e a fama prostibular

Acho ridículo. Detesto aquela altura em que vou com alguém num carro e passamos por uma rua com fama prostibular. Os comentários são sempre os mesmos. Quem quer que esteja na rua - o que inclui pessoas paradas nos passeios, à beira da estrada, a ver montras, ou seja, um qualquer transeunte do sexo feminino - é forçosamente uma prostituta.
Acho engraçado que grande parte das pessoas faça este tipo de observações, sem saber. Ou então, sabendo, com ou sem conhecimento de causa. E aí é na mesma engraçado.
De qualquer forma, caem-me sempre mal este tipo de comentários, porque já me aconteceu estar várias vezes parada numa rua (não necessariamente duvidosa) e reparar em olhares inquisidores. Eu não uso a expressão, mas bem que podia, porque me apetece mesmo dizer: "Metam-se nas vossas vidas!". Eu sou mais de pensar comigo mesma: "Será possível que apenas por estar parada na rua mereça logo o rótulo?". Porra.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Reflexos

Quando falta a electricidade, procuro sempre um interruptor... para ver enquanto a luz não vem.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

23

Sinto que tenho 23 anos há muito tempo. Como se a nova idade não trouxesse nada de novo...